terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ao mar



A maré sempre volta.
E traz aquilo que esperávamos,
tivesse afundado com um cargueiro qualquer.

A ressaca do mar encharca os olhos.
E o sal,
Arde no corte escondido na sola do pé.

Timidamente ao cair da tarde
Ela vem se aproximando...
Até que quando a lua está alta
já nos alcança em cheio.

Destrói o castelo de areia
E traz consigo qualquer coisa de triste.
Fala,
quase chora,
quando a onda quebra antes de chegar à praia.

Fecho os olhos e lembro do som...
Que é como se algo se quebrasse dentro de mim.
E depois
Lentamente
Quando o mar acalma...
Eu mesmo uno os caquinhos...
Como uma resignação
diante do Mistério.

O sono do mar...
A voz,
o segredo do marinheiro que afundou.

- Troféu de Menção Honrosa no V Varal de Poesia - 2009 - Unicentro

(Van Gogh - Barcos de Pesca na Praia de Santa Mãe Maria - 1888)

A Dança do Tempo

Perdeu-se nas contas da idade
Antes mesmo de envelhecer.
Enlouqueceu nos cômodos da casa,
Decorados pela solidão.

Não havia mais sóis,
tão pouco luas.
Havia apenas,
a gasta e velha pintura.

Os móveis empoeirados de lembranças.
E nos retratos já não reconhecia os rostos.
Não haviam mais os vestidos no armário.
Tudo fez-se distância.

A música calou...
E não havia mais quem desse corda à caixinha.
Ela parou de dançar.


- Poema Vencedor do Concurso Municipal De Poesias “THEREZA CRISTINA PUSCH” - EDIÇÃO 2009 - Ponta Grossa - PR